CPI da Americanas ouve dois ex-diretores da empresa nesta terça

Por Redação
Publicado 08/08/2023
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que apura possível fraude contábil na Americanas ouve nesta terça-feira (8) dois ex-diretores da empresa: Márcio Cruz Meirelles e José Timotheo de Barros.

A Americanas pediu recuperação judicial no dia 19 de janeiro após anunciar um rombo contábil de R$ 20 bilhões.

O deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), que pediu a oitiva dos ex-dirigentes, quer esclarecimentos sobre as inconsistências contábeis da empresa.

A comissão também vai ouvir o especialista em mercado financeiro Eduardo Moreira, e o diretor-presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Caio Magri.

Os deputados Fernanda Melchionna (Psol-RS) e Tarcísio Motta (Psol-RJ), que pediram o debate, afirmam que estão cada vez mais nítidos os movimentos feitos pela direção da empresa e seus principais acionistas para esconder a fraude.

O escândalo financeiro da empresa sugere graves ofensas à governança corporativa, o que levou o Instituto Ethos, que tem algumas centenas de grandes e médias companhias associadas, a suspender a Americanas por seis meses.

Os deputados afirmam que, além de investigar o escândalo da Americanas, é dever da comissão buscar normatizar ações que evitem novas fraudes contábeis.

A audiência será realizada a partir das 15 horas, no plenário 7.

Depoimentos anteriores
Na primeira audiência pública, a CPI ouviu o presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto. Ele disse aos parlamentares que as fraudes sucessivas no mercado de capitais brasileiro decorrem da certeza de impunidade dos infratores.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores (CUT), Julimar Roberto, também já esteve na comissão e disse que as federações e confederações trabalhistas entraram na Justiça para que os principais credores da Americanas sejam responsáveis pelo pagamento de direitos trabalhistas, caso o patrimônio da empresa não seja suficiente para cobrir a despesa.

Já o presidente da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, reconheceu perante a CPI que a crise na varejista não pode mais ser tratada como crise de inconsistências contábeis, e sim como fraude.

Essa também foi a visão apresentada pelo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso, aos deputados. “Não podemos tirar conclusões precipitadas, mas as evidências caminham para a existência de um arrojado esquema fraudulento para inflar e falsear números e resultados contábeis”, disse o executivo ao ser ouvido na CPI em junho.

Já os auditores independentes que monitoraram os últimos exercícios contábeis da empresa disseram que foram "vítimas" de fraude na gestão da Americanas, mas não convenceram alguns deputados que afirmaram que a atuação das auditorias independentes afetou a saúde financeira da empresa e ampliou o tamanho da fraude.

A CPI também tentou ouvir o ex-diretor financeiro da Americanas Fábio da Silva Abrate, mas, amparado por um habeas corpus, o executivo se negou a responder as perguntas dos deputados.

Já o ex-diretor-executivo da Americanas Miguel Gutierrez alegou problemas de saúde para adiar o depoimento à comissão.